terça-feira, 30 de outubro de 2007

Mulheres

Lourdes Maria Gazarin Conde Feitosa

As últimas décadas do século XX foram marcadas, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo, por profundos questionamentos em relação às desigualdades sociais, às diferenças injustificadas de cunho sexual e racial e às formas de dominação, exploração e degradação originadas pelas sociedades capitalistas. Em oposição a essa situação, tornou-se mais freqüentes as lutas organizadas por movimentos de operários, mulheres, imigrantes, ambientalistas e demais grupos descontentes com as estruturas instituídas.
Um dos frutos desse processo no Brasil é a diminuição das desigualdades entre homens e mulheres. O 3º Relatório de Nacional de Acompanhamento dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM), divulgado em 29/08/2007 pela Presidência da República, mostra que as mulheres têm mais acesso que os homens aos três níveis de escolaridade: fundamental, médio e superior e, quanto maior a escala de escolaridade, maior a proporção de mulheres entre os estudantes. A diferença se acentua na chegada à universidade, onde o número de mulheres é 30,8% maior que o de homens.
Avanços importantes e dignos de comemoração. O aumento da escolaridade e maior autonomia financeira são ferramentas importantes para suplantar a ainda existente discriminação no mercado de trabalho e na esfera política. No caso da atividade científica em nosso país, as estatísticas apontam que as mulheres têm participado cada vez mais, entretanto, ainda avançam pouco na ocupação de cargos e posições de destaque e de reconhecimento, como reitoras, no Ministério de Ciência e Tecnologia, nos comitês científicos que decidem os destinos dos recursos e das bolsas, e na premiação de pesquisas.
Diversos estudos têm buscado fatores para explicarem essa situação, que vão desde a falta de controle emocional das mulheres; à educação que não lhes desenvolve elementos de liderança; à tradição, que reforça o estereótipo masculino como o apto a assumir tais cargos e posições. Discriminação, superstição?
Essas justificativas não dão respostas favoráveis para compreendermos essas diferenças, mas, seguramente, exige reflexão e um novo posicionamento feminino.

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