domingo, 23 de setembro de 2007

FUGA DE CÉREBROS

Pedro Paulo A Funari


O Brasil, assim como outros países emergentes, enviam um número considerável de seus jovens para estudar no estrangeiro. São estudantes de graduação, mas principalmente, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos, com bolsas de órgãos brasileiros de fomento à pesquisa, como o CNPq, CAPES e as Fundações de Amparo à Pesquisa dos estados da federação. A inserção desses profissionais altamente qualificados, em seus países de origem, contudo, não tem sido adequada, e as ofertas de empregos atrativos nos países desenvolvidos numerosas. A China, cuja economia cresce a ritmos acelerados há três décadas, enviou, nesse período, nada menos que um milhão de chineses para estudar fora. Estudos da Academia de Ciências Sociais da China constataram que 70% deles não voltaram ao seu país.

No Brasil, não temos dados comparáveis, mas não há dúvida de que os mesmos fatores afetam nossos jovens pesquisadores com experiência internacional. Faltam políticas de inserção dos estudiosos em centros de pesquisa no Brasil. No campo das instituições de ensino superior, a ausência de incentivos para a titulação do corpo docente nas escolas privadas constitui um grande empecilho. O Ministério da Educação, se municiado por legislação, poderia exigir titulação crescente e premiar essa mesma capacitação do corpo docente. Nas Universidades públicas, a valorização da titulação, em detrimento da progressão automática na carreira, também seria importante. No campo da iniciativa privada, a absorção de estudiosos com experiência internacional depende de fatores como a inserção da indústria, serviços e agricultura nas tendências globais, pois apenas isso permite que a experiência internacional seja aproveitada de forma adequada. A fuga de cérebros constitui um desafio estratégico para o Brasil e para outros países periféricos e só políticas pró-ativas permitirão a sua superação.

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