segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Times da fé

Wagner Duduch


Na Folha de São Paulo de 10 de setembro de 2007, p. A2, temos a informação de que a Igreja Católica reuniu cinco mil “excluídos” na Praça da Sé, em São Paulo, em apoio à re-estatização da Companhia Vale do Rio Doce e a Igreja Universal congregou 650 mil pessoas no Rio de Janeiro, para distribuição de carnês, visando ampliar sua inserção na mídia.
Vemos um fenômeno que, do ponto de vista da razão matemática, é inversamente proporcional, pois o catolicismo prevalece numericamente no país. Todavia, se levarmos em conta o que estes movimentos representam, veremos que a iniciativa política dos católicos em torno de questões que envolvem emprego e estabilidade no trabalho, na verdade, surtiu efeito menor. De outro lado, o discurso da necessidade de ampliação de suas mídias pela Universal, significa para seus fiéis a ampliação da ação de Deus na sociedade, apelo respondido em massa. O desinteresse deste mundo humano e material a favor de um mundo futuro espiritual da Universal parece desconcertante. Alguns diriam, alienante, principalmente diante dos números expressos de pessoas e de valores arrecadados.
Quem sabe o Estado e o mundo religioso estão trocando seus papéis e suas responsabilidades. Daqui a pouco estaremos ordenando políticos e emitindo mandatos para clérigos.
Os “carnês divinos” da mídia venceram o clamor do emprego, a promessa espiritual do futuro venceu a humanidade hodierna e suas mazelas.
Interessante é que todo este jogo ocorre no campo religioso com dois times da primeira divisão da fé!

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